
Completou-se no início do mês de Março um ano de Governo do PS. Apesar de ainda faltarem 3 anos para o fim da actual legislatura, já é possível fazer um balanço sobre o que foi feito, o que está planeado ser feito e sobre o estilo que tem sido adoptado pelo governo.
Em primeiro lugar, não existe nenhum ministério onde não tenham sido tomadas medidas importantes, algumas de efeito imediato e outras que só a médio prazo trarão resultados. Esta situação torna claro que, apesar da situação económica difícil que o país atravessa e apesar da barafunda criada pelos governos anteriores, o actual governo não perdeu tempo com lamúrias e começou desde muito cedo a mostrar qual o caminho que Portugal deve trilhar. Semana após semana, têm sido apresentadas medidas e projectos que visam preparar Portugal para um outro futuro, reformulando práticas antigas inúteis e lançando iniciativas inovadoras, mais condizentes com um país que se quer moderno e competitivo à escala mundial.
Após um ano de tomada de posse já é possível traçar um perfil sobre o actual governo e em especial sobre o Primeiro-Ministro: o futuro prepara-se tomando medidas difíceis e inovadoras e não pensando no politicamente correcto ou receando as corporações. Em muitos casos, o governo limitou-se a ir buscar às gavetas dos ministérios pastas poeirentas, com folhas amareladas, sobre aquilo que devia ser feito neste ou naquelas politica ou área. Não deve haver na União Europeia pais com tantos “livros brancos, verdes e amarelos”, que traçam diagnósticos sobre o que está mal e apresentam propostas sobre o que deve ser feito. O que está mal estamos nós fartos de saber. Como também estávamos fartos que raramente alguma coisa fosse realmente feita.
Portugal também deixou de ter um governo que era noticia pelos maus motivos. A atitude sóbria e discreta deste governo tem sido uma constante, com evidente prejuízo para as primeiras páginas dos jornais e para as revistas cor-de-rosa.
Muitos acusam o governo de fazer propaganda, de gerir acima de tudo a sua imagem e de até ao momento ter feito muito pouco pelo país e pelos Portugueses. É verdade que o governo tem gerido muito bem a sua imagem, mas essa gestão está alicerçada em factos políticos e não no receio de ser confrontado com situações menos boas.
Quem pode negar que tem sido tomadas medidas importantes nas áreas da educação, finanças, economia, administração pública, saúde? Quantos governos ao longo da nossa história democrática de 32 anos tiveram coragem e uma dinâmica que este governo tem?
A verdade é que custa a muita gente de direita e a muitos comentadores da nossa praça que exista um governo do Partido Socialista que, por um lado, seja tão discreto e, ao mesmo tempo, tão dinâmico. Custa que o Primeiro-Ministro tenha o descaramento de, por exemplo, reunir e falar abertamente com empresários Portugueses e que ao mesmo tempo tente acabar com privilégios de doutas corporações tão bem instaladas no status-quo nacional. Uma direita que quando fala dá a sensação de serem os únicos e verdadeiros amantes de Portugal, os únicos capazes de tirar Portugal da situação difícil em que se encontra (a memória trai-os de vez em quando, e por isso esquecem-se que o PSD foi o partido que mais anos teve à frente dos governos em Portugal, e que são recordistas à frente de ministérios como o da educação, finanças, economia, etc). Infelizmente para Portugal, num momento tão complicado, o que se pode afirmar é que não existe oposição. Ou será que não seria importante uma oposição forte para discutir com o Partido Socialista as reformas na educação, na saúde, nas finanças e na justiça?
É óbvio que nem tudo o que o governo fez foi bem feito. A guerra com os professores podia ter sido evitada com maior e melhor dialogo e com uma maior ponderação na tomada de certas medidas (para evitar contínuos avanços e recuos). Os funcionários públicos não servirem de bodes expiatórios para todos os males da nação (neste momento o discurso do governo já é mais positivo). O anúncio de projectos como o comboio de alta-velocidade e a localização do aeroporto mereciam e necessitam de um maior debate nacional, sem tabus nem fundamentalismos políticos e corporativos, uma vez que envolvem valores inusitados.
Apesar de tudo, o saldo é francamente positivo. Portugal tem um governo forte e coeso, com uma linha clara de actuação, apostado em tornar Portugal num país mais moderno e solidário. Um pais que crie oportunidades para quem hoje não as tem e que deixe de figurar nos lugares de despromoção dos rankings europeus.
O caminho a trilhar ainda é muito difícil e duro, mas hoje podemos fazê-lo com uma firme esperança que vale a pena e que mais tarde ou mais cedo o esforço será recompensado.